Cube (1997)

“Cube” (1997), é o segundo filme dirigido pelo canadense Vincenzo Natali, – que só alcançou sucesso com esse filme e “Splice”, uma ficção sobre a mistura de DNA humano e animal – e, embora tenha sido produzido com baixo orçamento, passou a ser considerado um thriller cult, por conta de suas conexões com a obra de Franz Kafka (todo o pesadelo surrealista etc.).

O roteiro do filme nos apresenta vários personagens que acordam em salas, sem alimento, nem água, e sem saber como foram parar lá. O peculiar é: cada sala possui seis aberturas para outras salas semelhantes, e assim sucessivamente. O mais peculiar é: algumas delas possuem armadilhas letais.

O que poderia ser um terror cheio de clichés se torna atraente por um conjunto de elementos analisados a longo prazo. A partir do momento em que compreendemos que aquele ambiente trata-se de um experimento comportamental, observamos que a real ação do que acontece está nos diálogos dos personagens estereotipados. O ladrão, a médica, o policial e por aí vai.

“Porquê lutar tanto para sair de lá e voltar para um mundo pior?”, questiona um personagem. Quais são os limites que alcançamos sob pressão? Sob ameaças externas e internas?

Não podemos avaliar “Cube” como um simples filme Cult, no entanto. Como em sua proposta original, ele também conta com elementos que agradam os espectadores fãs de terror. Talvez este seja seu maior atrativo. O filme é tenso, mas não é fácil separar o que nos causa essa tensão: o medo ou a reflexão.

De forma comum, as sequências perderam o objetivo central do original. Em “Cube 2: Hypercube” (2002), há um conflito de universos paralelos sem nexo. “Cube-Zero” é um prelúdio desnecessário para a história original. Por fim, “Cube”, embora já tenha quase 15 anos, aborda a psicologia humana de uma forma atual, e é um longa digno de atenção.

Disponível em: A Bilheteria (adaptado)